terça-feira, novembro 15, 2011

Vale quanto?

Eu acabei de ver na tv um anúncio da cruz verde, entidade que ajuda portadores de paralisia cerebral, que dizia mais ou menos o seguinte:

"Ajude as pessoas portadoras de paralisia cerebral, aquelas a quem a vida negou quase tudo".

Achei tocante e válido, como marketing. Apelativo e chama a atenção para a causa, como uma propaganda tem que ser.
Mas eu não gosto de pensar dessa forma. Não me sinto confortável com pensamentos que nos fazem olhar pra quem está em pior situação, para que nossa vida pareça boa e a gente se sinta bem. Acho isso feio, se vc quer saber. A dor do outro não diminue a minha e nem me conforta, pelo contrário, me deprime.
A minha felicidade e alegria não devem depender das mazelas alheias e sim dos meus méritos e das minhas conquistas. Acho que esse tipo de pensamento está muito ligado a religiosidade. A uma espécie de "pagamento" ou "punição" por ser bom ou ruim.

Mas tem também o fato de que a gente realmente não dá muito valor ao que tem, principalmente quando não se lutou por isso. Eu percebi isso quando fiquei sem poder andar em 2001. Quando me acidentei e tive que ficar de cama, dependendo da minha mãe e da minha irmã até pra tomar banho (já vou avisando Nati, se contar a história da cumadre nos comentários eu não publico e não faço lasanha no natal). Foi quando eu dei valor pela primeira vez ao real significado da palavra liberdade. E quando eu começei a fisioterapia, e pude dar meus (novos) primeiro passos depois de 90 dias, nossa, foi uma felicidade tão grande que eu até chorei. Nunca antes eu tinha dado o devido valor ao fato de poder andar. À liberdade de locomoção.

Será que somos tão burros que é preciso ter tirado de nós uma coisa que aparentemente é vital, mas que faz parte do todo para podermos dar valor? Acho que sim.
Aliás, foi depois de ter me acidentado que eu começeia dar valor a muita coisa. Claro que demorou pra eu começar a valorizar na prática, de verdade ao invés só de me lamentar, porque uma das consequências de ter que ficar tanto tempo na cama foi uma puta depressão. Como diriam os mais religiosos, "Cabeça vazia, oficina do diabo". Eu passei tanto tempo sentindo pena de mim mesma e me lementando que não observei a verdadeira maravilha que era simplesmente poder levantar sozinha e ir ao banheiro.

Quando eu tenho cólica menstrual ou enxaqueca hormonal, que são as duas piores dores que me aflingem, logo que a dor passa eu quase choro de alegria. Dou valor ao fato de não sentir dor, acho maravilhoso não ter nenhum incomodo, nada que me restrinja fisicamente. Mas nem por isso saio pulando que nem doida, kkkkk.
Bom, deixa eu aproveitar esse bom humor matinal absolutamente estranho à minha pessoa, e ir lavar os cabelos.
 É o que tem pra hj.
#bjmeliga (já escovei os dentes, relaxem).

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