quarta-feira, setembro 22, 2010

Quem conta um conto...


Desde aquela vez, nunca mais ela se permitiu amar. Era simples assim, criou um muro de proteção e por ele quase nada passava. Aquela vez foi a mais cruel e apesar de já terem passado alguns anos ela ainda não se sentia recuperada. Mas era impressionante como as coisas haviam mudado dentro dela. O que era importante passou a ser efêmero. O que era complicado ficou simples. Nem a lembrança surtia mais o mesmo efeito. Coisas que eram essenciais agora simplesmente não faziam mais sentido algum. O tombo que a derrubou feriu sua alma, levantar demorou mais do que o previsto. Houve um tempo em que ela nem acreditou que se levantaria. Mas agora que ela está de pé, a paisagem está diferente. O horizonte se estendeu e o que ela deseja não está ao alcance das mãos, nem ao alcance dos olhos. Havia um espaço vazio dentro dela. Por isso ela partiu. Foi para depois da linha do horizonte, lá onde a luz se encontra com a escuridão.
O que ela espera encontrar?
Até onde ela pode ir?
Quando ela vai parar de procurar?
Essas dúvidas a impulsionam. Agora ela vai amar a si mesma. Esse amor será recíproco e seguro. Por esse amor ela vai lutar incessantemente, porque se ela não aprender a se amar, como pode esperar um dia ser amada, ou mesmo reconhecer o amor do outro?
E agora ela sabia que havia desistido de desistir.  

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