quarta-feira, setembro 28, 2011

Interior X Capital e o amor

Nasci em São Paulo, mas fui criada no interior do Mato Grosso do Sul. Lá eu era de fora, a estranha no ninho, mas morei tanto tempo no interior que agora aqui eu sou a estranha, a de fora.
Tenho um amigo brasileiro que mora em Portugal, certa vez ele me disse que lá era chamado de brasileiro, o engraçado é que aqui ele é o portuga.
Com essas idas e vindas pude conhecer e observar melhor as diferenças entre as atitudes romanticas das pessoas que moram no interior e as da grande metrópole.
As pessoas tendem a acreditar quem é do interior é mais bobinho,  inocente e alguém da capital é descolado, esperto. Ledo engano. Sei por experiência própria que não é bem assim, e explico.
Em uma cidade pequena, as crianças são criadas soltas, livres, sem amarras e medos, o que contribue para que elas sejam mais espertas e safas. Criança criada em apartamento e shopping é medrosa, presa e limitada. Hoje a internet até ajuda a criar uma esperteza em quem nunca correu livre pelas ruas, mas nada que substitua a vivência. Eu me considero do interior porque vivi mais de 80% da minha vida lá. Sempre que vinha pra SP nas férias achava que todo mundo aqui era mais esperto e no fim percebia que eu sim é que era a danada. Os padrões estão invertidos.
As meninas do interior é que são sapecas, e as da capital romanticas e até bobinhas. Estou generalizando, é claro. Mas na maioria dos casos é assim.


Quando um carinha em uma cidade pequena conhece uma garota e fica a fim dela, ambos sabem que vão se encontrar de novo, não precisa pegar telefone e fazer juras de amor. Por isso a gente fica insegura sempre e tem que ser esperta pra aguentar essa barra. Daí porque a gente sempre se apaixona pelos carinhas da capital. Numa cidade grande ou você pega o telefona da paquera, ou corre o sério risco de nunca mais se encontrar. Se você fica com um carinha e os dois se curtem, eles falam isso, deixam bem claro, pra ter uma continuidade mesmo. Por isso se o carinha ficou estranho é porque não gostou. Já no interior, o carinha pode ter gostado de ficar com você e querer ficar de novo, mas fica estranho por um monte de razões, pode ser que ele nào queria perder a chance com uma outra ao assumir que está com você, ou pode ser que você já ficou com um amigo dele e vai saber o que o carinha falou, né? Pode ser que você tenha dado um fora em um amigo dele e os mocinhos são cuéis com as mocinhas que fazem isso. Numa cidade como São Paulo, a gente pode ficar com vários carinhas na mesma balada e nem por isso vai virar a piranha da cidade, ninguém vai saber, é muita gente e cada um está preocupado com a própria vida. Já no interior, as paredes tem olhos e ouvidos e tudo que a gente faz vira notícia. Experimenta ficar com dois carinhas num mesmo fim de semana, virou uma biscate, acabou com a reputação. Tem que ter habilidade e ser discreta pra aprontar numa cidade pequena.
Em cidade pequena, ficou junto em público mais de duas vezes, tá assumindo. A boca do povo é veloz.
Acontece muito, também o cruzamento de ficante, beltrano que fica com fulana, que fica com siclano, que fica com beltrana, que fica com fulano, que fica com fulana e assim vai, todos pega todos. Ai de repente a menina tá mal falada porque já pegou todo mundo de uma turma e não foi esperta nem discreta. Sabe o que os calhordas fazem, casam-se com meninas faladas de outras cidade, porque o que seus amigos não sabem, não aconteceu.
Outra coisa que acontece muito é o encalhamento sem razão aparente. O carinha tá a fim da garota, mas ninguém nunca soube de ela ter ficado ou namorado, ele não tenta, ou achando que ela é durona ou chata mesmo e aí lindas meninas que sempre foram discretas encalham. Quando vc mora a muito tempo numa dessas cidade, já pegou quem tinha que pegar e não arrumou um namorado, acaba encalhando ou só ficando com carinhas de fora, só que você não sabe porque está encalhada e fica achando que tem algum problema misterioso.
Aí, um belo dia você vai pra capital e vários caras lindos te dão mole, e finalmente você descobre que o problema não era mesmo com você, e sim com os babacas da sua cidadezinha.
Só sei que esse complexo jogo de sedução e carência interiorano me ensinou a não confiar jamais em um ser do sexo oposto. O que é um exagero. Eles não eram maus, eram inseguros. Mas o trauma já se instalou.


As meninas da capital acham que precisam namorar, que quem só fica é vadia (nem vou dizer agora o penso sobre isso, outro dia) aí pegam no pé do pobre rapaz de um jeito que a única alternativa dele é fugir, afinal ele não sabe ainda se quer ficar com a mocinha. Quando conhecem um mocinho não deixam a coisa rolar e acabam presionando logo de cara.
As pessoas do interior deviam passar mais temporadas na capital e vice e versa, para aprender a dar valor ao que tem em casa.

É o que tem pra hj
#bjmeliga

P.S.: Acho que o texto ficou confuso e desconexo, mas tá difícil até de pensar com o barulho da reforma do vizinho.

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